sábado, 13 de dezembro de 2008

ENTRUDO NA MISARELA



Como Chegar:
Para ampliar, click no mapa.
Programa:

13 de Fevereiro 2010

10.00h: Acender a fogueira no Eirão em Vila Nova

13.00h: Preparação dos caretos

13.30h: Andança dos caretos pela aldeia

16.00h: Concentração dos caretos na Ponte da Misarela

16.30h: Queima do Entrudo e baptismo dos caretos

17.30h: Regresso a Vila Nova

18.00h: Jantar no Eirão


Visite o link: http://opovodaeira.wordpress.com/



O Entrudo da Misarela é um projecto de dinamização sociocultural que pretende reaproximar as duas margens do Rabagão, em torno de uma mesma ideia: recriar o Entrudo enquanto celebração da “entrada” da Primavera. É este aliás o significado para o termo Entrudo que mais pareceres favoráveis colhe junto dos estudiosos, significando a chegada da Primavera, acreditando tratar-se de um culto da fertilidade e da vegetação com origens no período pré-romano. Ao falarmos em fertilidade, que melhor espaço podemos encontrar para celebrar o Entrudo que esta Misarela, sinónimo de fecundidade, com toda a sua magia e mistério como pano de fundo, transfigurando-se num espaço de comunhão entre as duas margens. O seu estatuto de património classificado é uma enorme mais-valia para o sucesso desta iniciativa; se por um lado a classificação atribuída pelo IPPAR protege e promove o imóvel, por outro transforma-o num motivo de disputa por parte dos Concelhos, afastando as duas Freguesias quando as deveria unir em sua defesa. Sendo certo e sabido que a divisão dos distritos é pelo meio da ponte, a pertencer a alguém por inteiro só pode pertencer a Barroso. Realizar este evento entre as Freguesias de Ferral e Ruivães terá um significado especial, é também aqui um retorno às origens, uma vez que “Villar de Vacas”, assim se denominava a antiquíssima Vila barrosã de Ruivães, que constituiu juntamente com a Freguesia de Campos o couto de Ruivães, uma das «sete honras de Barroso», foi cabeça de Concelho medieval da comarca brigantina de Montalegre, reunindo ainda as Freguesias de Ferral, Cabril, Covêlo do Gerês, Reigoso, Salto, Venda Nova, Pondras e Vila da Ponte, até ao ano de 1853, data em que é decretada a sua extinção enquanto concelho, em resultado da última grande reforma administrativa levada a cabo em Portugal.







Fotos "Entrudo Misarela"

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PARTICIPAÇÃO

fotos: Patricia Matos

Digamos que esta possa ter um carácter de maior ou menor organização dependendo do grau de exigência que cada indivíduo, grupo familiar ou círculo de amigos, imponha a si mesmo.
A inscrição apenas é obrigatória para grupos de pessoas que queiram participar em representação de determinado lugar, aldeia ou vila. Esta deve ser efectuada por dois elementos do grupo numa das sedes de Junta de Freguesia de Ferral, Ruivães ou Cabril.
Cada representação fica incumbida de idealizar e elaborar um estandarte identificativo para encabeçar o grupo, de um Entrudo que terão de conduzir à ponte, para ser queimado após a leitura do respectivo testamento que deve ser elaborado e lido pelos mesmos.
Nota: reduzir ao mínimo a pegada ecológica deste evento é prioritário. Nesse sentido, máscaras, fatos, artefactos e demais objectos utilizados, devem ter por base de fabrico uma politica de reaproveitamento de materiais, sejam eles de origem silvestre ou resultantes das mais variadas actividades humanas.






Data de realização:

13 de Fevereiro (Sabado) 2010

A ESCOLHA DE MASCARAS OU FANTASIAS

fotos: Patricia Matos


-Máscaras de características indo-europeias
-Máscaras das mais variadas figuras e expressões humanas: velhos, corcundas, carrancas em geral, etc.
- diabos e diabretes
- bruxas e feiticeiros
- fadas boas ou más
- animais domésticos, selvagens ou mitológicos
- gnomos, duendes, anões
- alicórnios = olharapos, (possuem apenas um olho)
- gigantes, (ogres, cabeçudos)
- padres e monges
- guerreiros celtas
- legionários romanos
- cavaleiros medievais
- soldados napoleónicos
- camponeses e pastores
- lobisomens

As fantasias são a opção menos restritiva, uma vez que tanto podem ser produzidas pelos próprios, por terceiros, de compra ou alugadas. São também as mais aconselhadas para as crianças, não quer isto dizer que não possam mascarar-se.
Se optar pelas máscaras a história complica-se um pouco, pelo facto de terem de ser obrigatoriamente manufacturadas. Não deixa de ser um desafio interessante para a imaginação e criatividade bem como uma oportunidade para pôr em prática os seus dotes artísticos. Surpreenda-se e surpreenda os outros enquanto se diverte.
A máscara de Carnaval tem origem pagã derivando do ancestral culto dos mortos, a antropomorfização dos maus espíritos era vista como uma forma de apaziguamento dos mesmos, a máscara surge então como meio de comunicação com o mundo dos espíritos.
Embora tenham sido cristianizados, estes povos mantiveram enraizado o gosto pelos folguedos característicos do inicio da Primavera; o carácter licencioso da quadra permitiu a continuidade dessas práticas, acabando estas por chegar aos nossos dias…que de outra forma se teriam perdido na sombra dos tempos.
Como tal as máscaras desempenham no Carnaval, a par com o próprio Entrudo, um papel central. É portanto em relação a estas que mais se deve apelar ao empenho do participante. Quer sejam simples ou mais elaboradas, produzidas pelo próprio ou terceiros, devem
ser sempre de fabrico artesanal, possuir cariz popular e inspiração tradicional.
O mesmo se aplica às roupas e demais artefactos utilizados pelos caretos.
Apostar na originalidade, evitar o mais possível imitações e colagens a outros carnavais, mesmo que estes se realizem dentro da área de influência Galaico-Duriense da qual fazemos parte. Respeitar o património dos outros é a melhor forma de preservar o nosso. Ao procurarmos inspiração então devemos fazê-lo junto daqueles de quem estamos mais próximos geográfica e culturalmente.
O Entrudo, símbolo do velho Inverno já em idade avançada, pois que a Primavera está à porta e este rezingão teima em não a deixar entrar. Perante tanta relutância em nos deixar só resta uma saída, corrê-lo à paulada para que se deixe imolar e dê finalmente lugar à tão esperada Primavera.
Nota: o Entrudo deve ser feito essencialmente de matérias vegetais secas incluindo as vestes.
O testamento: tanto pode ser em verso como em prosa, deve apelar às virtudes do Entrudo (Inverno), sem nunca esquecer os seus defeitos, de modo a sensibilizá-lo para o sofrimento que causa à humanidade. Deve ser divertido e até um pouco brejeiro, mostrando uma falsa compaixão pela sua partida.

Que materiais utilizar no fabrico de máscaras e roupas:

Metal: ferro, cobre.
Matérias de origem vegetal: madeiras (amieiro, castanho, vidoeiro, etc.), juncos, colmo, folhelho, folhas, sisal, estopa, pinhas, bugalhos, nozes, bolotas, musgo, raízes, cascas de árvores (cortiça, vidoeiro, salgueiro), papel de jornal e cartão, etc.
Matérias de origem animal: couro, chifres, ossos, crinas de cavalo, pêlo de rabo de vaca, lã de ovelha, peles com ou sem pêlo, penas, cascas de caracóis, búzios, bexigas de porco, dentes, cascos, cera, etc.
Nota: as matérias animais devem ser provenientes de animais domésticos ou de espécies cinegéticas ibéricas.
Tecidos: desperdícios fabris, sacos de serapilheira etc.
Todos temos lá em casa um velho baú onde ao longo de anos se foi acumulando roupa, que deixou de servir ou caiu em desuso, que mais dia menos dia acabará no lixo. Podemos salvar esses trapos, utilizando-os como base para o fato de carnaval.


Limitações À participação


-Não são permitidas bombas de Carnaval independentemente da sua potência.
-Não é permitida a colocação de explosivos dentro do Entrudo.
-Os carros alegóricos só são permitidos no caso de utilizarem formas de tracção não poluentes.
-A utilização de animais como força de tracção, cavalgaduras ou figuração, dará certamente pitoresco e colorido à festa, no entanto a sua participação deve ser ponderada e feita de forma consciente, servindo-se apenas de animais muito mansos, pouco espantadiços e de trato fácil.
-O uso de alfaias agrícolas como gadanhas, forquilhas ou outros objectos que pelas suas características cortantes e perfurantes representem perigo é proibido.
-Os confetes e serpentinas, pelo carácter pouco ecológico, não podem ser utilizados, podendo no seu lugar usar-se pequenas folhas e flores.


Dia 13 de Fevereiro de 2010:
Onde arrumar o carro?
A que horas?
Que atitude?

Para servirem como pontos de encontro foram seleccionados dois locais, um na Freguesia de Ferral e outro na de Ruivães, em ambos os casos foi tida em conta a capacidade de parqueamento automóvel e a distância a que se situam da ponte da Misarela. Embora seja por Sidrós que mais perto da Misarela se consegue chegar de carro, a exígua largura do caminho em questão e a ausência de estacionamento iriam transformar-se mais num problema que numa solução, optando-se então por localizar o ponto de encontro de Ferral junto do campo de ténis de Vila Nova de Sidrós. Reservando a circulação automóvel no caminho que vai da Cruz até ao miradouro para que os bombeiros possam circular com facilidade caso seja necessário a sua actuação e também para uso dos agentes envolvidos na organização do evento. O ponto de encontro de Ruivães situa-se nas Ruçadas, no local onde a estrada nova se cruza com o caminho velho, junto da ponte que liga Frades a Cabril. Quer num ponto, quer no outro, a capacidade de parqueamento e a distância que os separa da Misarela é idêntica, situando-se essa distância na casa dos 800 metros.
A ideia de corso está completamente fora do espírito deste evento, pelo menos dentro dos moldes habituais, em que uns passam e os outros ficam a velos passar, as pessoas estão ali para se divertir livremente e não para fazer um frete. Sozinhos ou em grupo, caretos ou espectadores podem dirigir-se à Misarela à hora que lhes apetecer, embora o período mais indicado para o fazer se situe entre o meio-dia e as 14h30m, uma vez que da parte de manhã várias entidades envolvidas na organização terão a necessidade de transportar e instalar algum material no recinto, depois das 14:30 já vão sendo mais do que horas de comer uma bucha e beber um caneco.
Só falta dizer que para poderem percorrer o caminho até à Misarela e fazer parte da festa as pessoas ficam expressamente proibidas de estar deprimidas, tristes ou macambúzias, pelo contrário, devem irradiar alegria e transpirar boa disposição; são também obrigadas a ser ainda mais espontâneas do que alguma vez pensaram que conseguiriam ser e sobretudo divertirem-se o mais possível.

Porquê a escolha da misarela para palco deste evento?
A ponte da Misarela desempenhou durante centenas de anos a verdadeira função para a qual foi construída. Lançada num rasgado golpe de génio sobre um leito moldado pela tormenta, vence treze metros de vão em apenas um arco, anulando de forma graciosa o vazio que separava as duas margens do Rabagão. Erguida sabiamente num estreito onde o rio se afunda em cachão tenebroso, soube cumprir de forma notável o seu papel, aproximando pessoas, salvando vidas, fomentando o comércio e tirando do isolamento as gentes de entre o Cávado e Rabagão.
Integrada desde sempre numa via secundária que parte da Vila de Ruivães em direcção à Vila de Montalegre, percorrendo quase todos os povoados próximos da margem esquerda do rio Cávado, foi um importante elo de ligação ente as duas vilas barrosãs.
A partir do fim do primeiro quartel do século xx, começa progressivamente a perder importância devido ao melhoramento da rede viária principal. Mas é no ano de 1951 que é desferido o golpe fatal com a inauguração da barragem da Venda Nova - construção erguida 2 km a montante da Misarela - que trouxe consigo novas

acessibilidades, mais centrais e mais barragens. Em suma, gerou desenvolvimento com todos os benefícios e prejuízos a este inerentes.
Em prol da produção de energia, a barragem da Venda Nova estrangulou o rio num apertado garrote secando-lhe as entranhas. A velha ponte perdeu de uma assentada as águas e as gentes, ficando quase sem razão para existir; não fossem algumas nascentes a jusante da barragem e nem forças teria para abençoar um ventre prenhe ou matar uma sede d ’água a homem ou bicho que por ali passe. Se tempos houve em que por ali um rio caudaloso urrava invernias, hoje nem um sustentável caudal ecológico existe; ficaram apenas pedras, mudas testemunhas duma força maior, enormes, imóveis e tristes de onde transpira um silêncio ensurdecedor! Que ninguém quer ouvir…
A pretensão deste projecto é ir de encontro às pessoas, às suas raízes e aos seus interesses; fomentar uma relação construtiva entre as Freguesias de Ruivães e Campos com a margem direita do Rabagão, para que todos juntos, melhor consigamos defender e valorizar o nosso património material e imaterial.
Na verdade temos andado um pouco de costas voltadas, contrariando um passado comum. Lado a lado temos um longo caminho percorrido, antes, durante e após a fundação da nacionalidade, enfrentando inimigos, partilhando crenças, terras, pastagens, a vezeira das vacas, dividindo o mesmo pão com os mesmos pobres, sofrendo as mesmas angústias.

A Vila de Ruivães foi terra transmontana da região de Barroso e cabeça de concelho medieval da comarca de Montalegre até 1853, ano em que infelizmente é decretada pela última grande revisão administrativa a extinção deste concelho, passando esta Freguesia, juntamente com a de Campos, a fazer parte do concelho de Vieira do Minho; enquanto as Freguesias de Ferral, Cabril, Covêlo do Gerês, Reigoso, Salto, Venda Nova, Pondras e Vila da Ponte são integradas no concelho de Montalegre. Iniciou-se desde então um progressivo afastamento entre as Freguesias integradas num e noutro concelho.
Volvidos 155 anos estamos a braços com o maior de todos os desafios - a globalização, acelerada de forma brutal pelas tecnologias da informação. Entramos em velocidade de cruzeiro, num caminho sem retorno; o mundo nunca mais será o de ontem - está em curso a maior transformação das sociedades humanas de sempre - os ciclos de mutação e reestruturação social serão cada vez mais curtos em função da maior capacidade de acesso à informação. Um processo de dimensões globais como este terá certamente consequências de uma ordem de grandeza proporcionais. A diversidade cultural é-lhe extremamente vulnerável, estando já em curso uma extinção cultural sem precedentes em benefício de uma cultura de massas, arrancando as novas gerações à terra onde estão mergulhadas as suas raízes, transformando-as em gerações órfãs de identidade cultural.

Como já repararam os jovens estão cada vez mais urbanos, primeiro foi a televisão, agora junta-se-lhe a internet; o fosso que separa a nova geração das anteriores é enorme e será ainda maior!
É urgente dar a conhecer aos mais novos a nossa cultura para que a sintam sua também, só assim podemos dar continuidade a um legado que é deles também por direito e que nós temos a obrigação de preservar e transmitir.
Ao realizarmos em conjunto o Entrudo da Misarela estaremos a revitalizar a velha ponte, dando-lhe a oportunidade de mais uma vez desempenhar a sua verdadeira função, a de aproximar pessoas, dando ao mesmo tempo uma oportunidade à nossa cultura, ao desenvolvimento e a nós próprios.
Quando inicialmente surgiu a vontade de recriar o Entrudo, havia já algumas luzes há cerca do assunto, tal ideia não ocorreria a alguém que desconhece-se por completo a temática. Uma vez tomada a decisão de avançar, levantavam-se várias questões às quais era necessário responder o mais acertadamente possível, pondo de parte dúvidas que existiam em número considerável, a começar por saber qual a origem do próprio vocábulo e o seu significado, perceber que práticas e crenças terão motivado o surgimento do “Entrudo” enquanto manifestação popular. E como aparece a máscara neste contexto? Nova vaga de questões para as quais é preciso buscar respostas satisfatórias e, haveria de ser esta procura constante de respostas a transformar-se no fio condutor de todo o processo, para cada resposta, novas ideias e com elas mais perguntas.
Quase em simultâneo teve inicio um processo de criação plástica em torno do tema a máscara, processo este que embora esteja longe de estar concluído está em franco desenvolvimento e com resultados que se podem classificar como satisfatórios. Uma das grandes preocupações deste processo é tentar compreender, que características poderá ter adquirido a máscara ao longo de milhares de anos em função das crenças, motivações e dos materiais à disposição dos diferentes povos e civilizações que habitaram ou exerceram a sua influência dentro da área geográfica que compreende o norte de Portugal e a Galiza, desde o seu mais que provável aparecimento na pré-história, até aos nossos dias, passando pela cultura castreja, pela romanização, atravessando toda a idade média, sobrevivendo à cristianização e mais tarde já no nosso tempo ao Estado Novo, época em que se proibiu o uso de máscara no carnaval retomando-se essa tradição a partir do ano de 1975. Todo um historial de perdas, de homens feitos deuses, de trevas e obscurantismo, se a distância permite enxergar com mais clarividência olhar para tão longe acaba por se tornar um pouco ingrato. Mas há sempre uma solução onde não consegue chegar com a vista pode chegar a imaginação.
A realização deste projecto só poderá ser dada como conseguida se o trabalho resultante corresponder às expectativas de quem, claro, se propôs a tal. Esse esforço tem como principal objectivo enriquecer e fortalecer a identidade cultural do “Pais Barrosão”, contribuindo com algo que encerre em si mesmo a ideia de recriação; onde se possa sentir influências do passado e do presente, em que a plasticidade lhe dê um carácter étnico e único, onde hajam rasgos de tradição popular e vislumbrem as suas crenças, onde se reveja a Misarela e nos aproxime da sua magia…que será talvez esta quem mais nos aproxima das origens da máscara e do culto da fertilidade.
Jorge leal

Informação suplementar
O evento prolongar-se-á um pouco pelo princípio da noite. É por isso importante que as pessoas venham prevenidas com iluminação para o regresso, de preferência com candeeiros de velas, candeias, etc.
Oferta de um repasto na Ponte da Misarela a partir das 14 horas (pão, carne e vinho).
Se quiser poderá contribuir com uma chouricinha.
Haverá lume e aguardente com força para atenuar o frio.